quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Dia da Consciência Negra - Guarulhos - Itinerário

ITINERÁRIO

Concentração às 8h:30min, na confluência entre as ruas Arminda de Lima, Professora Anita Guastini Eiras e Lucila, ao lado da Escola Estadual Conselheiro Crispiniano.

João Crispiniano Soares, o Conselheiro Crispiniano, era guarulhense. Formou-se na academia de Direito do Largo São Francisco, reduto da elite política e intelectual brasileira. Foi representante de São Paulo no parlamento do Império, tendo exercido vários cargos importantes. Nascido em 1806 e morto em 1876, sua existência se desenvolveu entre o primeiro e o segundo reinados (D. Pedro I, de 1822 a 1831, e D. Pedro II, de 1840 a 1889).

No local de concentração da Marcha também fica a nascente do Córrego do André, negro escravizado, pertencente à família Ortiz de Camargo, que morreu nas proximidades. Esse curso d’água é também conhecido como Córrego dos Cavalos.

Saída às 10h pela Rua Professora Anita Guastini Eiras, circundando a escola pela Rua Rubens Guedes, até chegar à Rua Nossa Senhora Mãe dos Homens, ao lado da Praça do Estudante.
De acordo com relatos de antigos moradores, o nome completo dessa rua era Nossa Senhora Mãe dos Homens Pretos.

Praça Getúlio Vargas

Em seu gramado há uma escultura de pedra (a cabeça de uma mulher de traços africanos) do escultor paranaense Diógenes Fernandes, radicado em Guarulhos desde os anos 1970.

Cemitério São João Batista

Boa parte da área original do Cemitério, juntamente com os restos mortais ali guardados, foi suprimida em 1965. O Cemitério só não foi totalmente removido porque isso agrediria a memória de tradicionais famílias guarulhenses. Da memória das famílias sem poder econômico e político (leia-se maioria de negros) resta, segundo funcionários do Cemitério, apenas uma capela com os restos de 13 escravos desconhecidos.

Rua Luiz Gama

Negro baiano que foi vendido ilegalmente, aos 10 anos de idade, pelo próprio pai branco. Levado em 1840 para São Paulo, alfabetizou-se aos 17 anos.  Obteve provas de que nascera livre, conseguiu licença para advogar.   Advogou de graça em nome dos escravos, transformou-se num jornalista combativo,  escritor respeitado, e inaugurou a campanha abolicionista no Brasil.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário Mãe dos Homens Pretos e São Benedito (Praça Conselheiro Crispiniano) e Avenida Monteiro Lobato.

A antiga igreja foi reconhecida pela Igreja Católica em 1750 e demolida no final dos anos 1920 para dar lugar à expansão da cidade. Ficava no Calçadão D. Pedro II, onde há uma demarcação, feita em 2007, que mostra a sua localização e suas prováveis dimensões. No ano passado, a Diocese de Guarulhos divulgou um decreto episcopal (Folha Diocesana de Guarulhos, Ano XIV - nº 172 - Novembro de 2010), dando à nova igreja da Praça do Rosário, no centro, o nome da antiga igreja dos pretos.
 
Centro Municipal de Educação Adamastor (encerramento)

Adamastor é um gigante mitológico, um dos misteriosos perigos do mar desconhecido que habitavam o imaginário dos europeus do século XV. Na verdade, o gigante representava as águas revoltosas do Cabo das Tormentas, no limite entre os oceanos Atlântico e Pacífico, no sul do continente africano, onde mais tarde seria fundada a Cidade do Cabo, na atual África do Sul, país que ficaria famoso pela existência do apartheid e pela ação vitoriosa de Nelson Mandela.

Ao superar aquele limite, em 1488, o navegador português Bartolomeu Dias encontrava a sonhada rota marítima para a Índia. Dois anos depois, em 1500, ele participaria do descobrimento do Brasil, comandando um dos navios da frota de Pedro Álvares Cabral.  Bartolomeu Dias morreu ao enfrentar novamente o Cabo das Tormentas (o gigante Adamastor), então rebatizado de Cabo da Boa Esperança.
 
Adamastor é também o nome da tecelagem (Fábrica de Casimiras Adamastor), que funcionou, entre as décadas de 1940 e 1980, no mesmo prédio onde hoje é o Centro Municipal de Educação, ponto final da Marcha.

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Agradecemos a inestimável contribuição do escritor Abilio Ferreira e do pesquisador Elton Soares de Oliveira na construção desse Manifesto.

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